O mesh da inclusão
O projeto do laptop de 100 dólares pretende usar redes mesh para conexão á internet.
Laptop de 100 dólares: rede mesh e manivela para uso remoto.Disputa sobre banda larga sem fio ameaça direito do usuário, dizem especialistas 
                         
                         A escolha do modelo de   negócio para a banda larga sem fio a longa distância (WiMax), que tem leilão   marcado para esta segunda-feira,
                       dia 4, ameaça prejudicar o interesse do usuário   de Internet no Brasil.
                         
                         A avaliação é de   especialistas em comunicação e defesa do consumidor. Há riscos de concentração   de mercado porque as companhias
                       telefônicas, que já detêm cerca de 80% do   mercado de Internet por banda larga no país, contestam as restrições do leilão e   querem participar livremente dele, comprando lotes onde não poderiam pelas   regras originais.
                         
                       
| Companhias   telefônicas dominam setor de banda larga | ||||
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 | 1º trimestre 2006 | 2º trimestre 2006 * | ||
| ADSL ** | 3.359 | 79,4% | 3.597 | 78% | 
| Telemar | 896 | 21% | 970 | 21% | 
| BrT | 1.084 | 26% | n.d. | - | 
| Telefonica | 1.300 | 31% | 1.378 | 30% | 
| GVT | 79 | 2% | n.d. | - | 
| Cabo | 789 | 19% | 950 | 20% | 
| Outros (Rádio) | 80 | 2% | 86 | 2% | 
| Total Brasil | 4.228 | 100% | 4.633 | 100% | 
| * Estimativa   Teleco.com | ||||
 
                         Segundo os   especialistas, essa falta de concorrência poderia gerar preços maiores e   serviços não tão eficientes.
                         
                         As telefônicas se   defendem e dizem que querem ter acesso à nova tecnologia sem qualquer   restrição.
                         
                         O leilão desperta   grande interesse porque se acredita que o futuro das telecomunicações esteja nas   transmissões sem fio, um 
                         mercado crescente.
                         
                         O WiMax é um sistema   de transmissão de dados, voz e imagens em alta velocidade para aparelhos   portáteis (laptops, palmtops e 
                         celulares) a longa distância.
                         
                         É diferente do Wi-Fi,   que já existe no país e é usado em aeroportos, por exemplo, por causa do alcance   maior. O Wi-Fi funciona num
                       raio máximo de 100 m, enquanto o WiMax atinge   até 50   km, porque opera em freqüências diferentes (3,5 GHz e 10,5   GHz).
                         
                         Disputa   de empresas
                         A discussão principal   está em quais empresas podem participar do leilão e prestar o serviço. Pelas   regras iniciais do edital da 
                         Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as   companhias telefônicas teriam restrições para entrar no jogo. 
                         
                         Elas não poderiam   comprar as freqüências nas regiões onde já têm concessão de telefonia fixa. Nas   outras localidades do país, 
                         as telefônicas estavam liberadas para concorrer   normalmente.
                         
                         O argumento é que   haveria muita concentração de mercado. As telefônicas poderiam monopolizar a   comunicação fixa e a móvel ao 
                         mesmo tempo. Somente três empresas de telefonia já   detêm cerca de 80% do mercado de Internet por banda larga com fio. Elas 
                         fornecem   o serviço por ADSL, os cabos telefônicos de sua própria infra-estrutura. 
                         
                         Para prevenir esse   monopólio, a Anatel divulgou em julho as regras com as restrições e marcou o   leilão. Mas, no dia 9 de agosto, 
                         o Ministério das Comunicações decidiu tentar   suspender tudo.
                         
                         Depois Hélio Costa   começou a defender que as teles fixas fossem liberadas para participar do leilão   sem restrições. "Se você 
                         começa a impor restrições aqui e ali, você acaba   dificultando o procedimento", disse então o ministro.
                         
                         A suspensão do leilão,   no entanto, não aconteceu, porque a Anatel não concordou. Diante disso, o   ministro Hélio Costa chegou 
                         a afirmar que poderia emitir uma portaria para   tentar cancelar os efeitos do leilão, se as teles não participassem   plenamente.
                         
                         Uma disputa judicial   começou nos últimos dias. As companhias de telefonia conseguiram liminar na Justiça para tentar suspender
                       o leilão na próxima segunda-feira. A Anatel informou nesta sexta-feira que vai   recorrer contra a decisão.
                         
                         Em nota divulgada por   sua assessoria de imprensa, a agência reguladora considera que o edital original   é "perfeito", porque evita 
                         o monopólio e permite a   concorrência.
                         
                         Segundo a nota, o   conselheiro da Anatel Pedro Jaime disse que "o formato da licitação privilegia   um dos pilares do modelo brasileiro de telecomunicações, a competição, já que é   uma ótima alternativa aos fios de cobre [de telefone], atualmente exclusivos das   concessionárias".
                         
                         Luis Cuza,   presidente-executivo da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de   Serviços de Telecomunicações Competitivas), 
                         diz que a proposta da Anatel   favorece o consumidor justamente porque evita a concentração. "A solução é   inteligente e merece todo o apoio."
                         
                         O advogado Miguel   Bechara Junior também considera corretas as restrições às teles. "É extremamente   saudável, porque divide o 
                         mercado, evita a concentração. Caso contrário, as   telefônicas podem ficar com o monopólio da comunicação."
                         
                         Segundo Luis Cuza, a   falta de mais concorrência na banda larga fixa, dominada pelas teles, já impediu   que houvesse um 
                         desenvolvimento maior e um serviço melhor para o   usuário.
                         
                         "A oferta hoje é tão   cara e tão pobre de velocidade. As companhias já estão aí há vários anos e não   melhoraram. Por que não? 
                         Porque não precisam, não enfrentam concorrência. A   única solução é haver novos investidores", diz Cuza.
                         
                         Ele afirma que as   teles querem evitar a chegada de novas empresas. Por isso elas poderiam comprar   as licenças, para tentar
                       barrar outros investidores.
                         
                         Segundo o presidente   da Telcomp, a entidade tem empresas associadas em cidades menores. São   provedores de Internet que
                       já prestam serviços com freqüências de uso livre, mas   que não têm qualidade tão boa. Com as novas freqüências, essas 
                       empresas menores   poderiam melhorar e atender o quadro de clientes já existente e   ampliá-lo.
                         
                         O Ministério das   Comunicações nega que haja privilégios a empresas. A   associação que reúne as companhias de telecomunicações
                       afirma que não haverá monopólio.
Fonte: http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/2060/09/01/ult2870u106.jhtm